11 dezembro, 2010

E tudo meio tudo

- Acho que apenas três linhas bastam, só não sei por quê.
- Também não, mas vou obedecer.
- Você confia tanto assim, é?
- Não posso?
- Não disse isso.
- Ok. Não deveria confiar?
- Também não foi isso.

(Campainha)

- É uma pena.
- Por quê?
- Você sabe.
- Não, não sei.
- Caramba!
- Caramba digo eu... Acho que não estou mais entendendo nada.
- Eu nunca disse que era pra ser entendido.
- Eu adoro seu excesso de verbos nas frases.
- Eu sei...
- E esse jeito convencido.
- Ah, para! Assim você me deixa na obrigação de responder algo legal.
- Claro que não.
- Claro que sim!
- Não, você pode apenas sorrir e aceitar.
- Não é tão simples.
- É sim, você que adora complicar as coisas.

(Campainha)

- Que palavras são essas?
- Não sei, estão vindo.
- Brainstorming?
- Acho que sim.
- Você sempre foi disso.
- É, desde pequeno.
- Eu gosto dessa falta de sentido.
- Lá vem você de novo...
- Não posso falar mais?
- Não disse isso.
- Eu odeio quando você diz que não disse algo quando, na verdade, disse exatamente aquilo.
- Isso me pareceu confuso.
- Odeio quando você muda de assunto assim.
- Uma hora gosta, outra odeia... Bipolar você, hein.
- Odeio quando você aponta meus defeitos.
- Ai, como eu gosto disso.
- Odeio esse seu ar de deboche.
- Afinal, do que você gosta em mim?

(Campainha)

- É, acho que perdi.
- O jogo?
- Não, as contas.
- Mais dez minutos e não precisaremos mais pagar a pizza.
- Que cabeça, hein.
- Para de reclamar de mim, parece que você só sabe fazer isso.
- Você não detesta quando eu elogio?
- Não disse isso.
- Chega!

(Campainha)

- Droga! Dois minutos...
- Pega os trinta reais ali em cima da mesa.

(Silêncio)

- Calabresa?