09 janeiro, 2012

É, é foda porque você acaba virando cocaína e o estrago é exatamente o mesmo e foda-se se você não concorda mas eu perdi as minhas vírgulas de novo e olha só como eu tô agora enxugando as lágrimas com tapas nos olhos e espremendo a cabeça com as mãos como aquela pintura que eu esqueci o nome e socando pra ver se sai alguma coisa dessa merda e que ódio que ódio que ódio de mim mesmo que fico completamente fora do normal perto de você escrevendo sem concordância nenhuma pelo menos não quando passo os olhos pra ver como está mas você não sabe como eu sou obcecado por isso tudo e por essa dor e pelo gozo e pelos sorrisos de fim de tarde e puta que pariu CRISE DE ABSTINÊNCIA FODIDA você não pode aparecer de novo não agora não não não não agora pelo amor de deus que eu não tenho mais nariz pra você.

08 janeiro, 2012

‎Eu sumo, cara, eu sou assim. Sou sumido como moeda na areia. Desde pequeno minha mãe já dizia que eu queria fazer as malas e ir embora. E minha senhora hoje diz o mesmo. Sou passarinho, liberto, de gaiola aberta. E só assim posso escolher onde pousar, onde tecer meu ninho. Só assim posso voar dentro de mim.

02 janeiro, 2012

Hoje o mundo é azul

Duas da tarde do dia seguinte e me vejo nesta cadeira azul-royal que ofusca mais meus olhos que minha hipermetropia tão perto da tela. Quero nascer outro. Vejo-me turvo, sem paladar, sem alimento. Empanado em minha própria obssessão pela cura. E quero o retorcido, dobrado, curvilíneo, íngreme, sinuoso.
Eu quero o complexo porque eu sempre gostei do estrago e isso me lembra uma canção.
Dedico algumas frases a um grande amigo meu, pois sempre que o leio começo a palavrear e nem ele sabe como acho isso tão belo, tão... Especial? Não sei o que há em suas cartas nem nos seus livros que nunca consegui ler. Compartilhamos franceses e um pouco de cultura que eu já renego que exista em mim, não me enxergo mas talvez seja disso que eu preciso agora, entende?
E agora eu me levanto e vou à estante selecionar aquele livro de capa azul que há mais de ano me foi dado de presente e até hoje, nada. É azul. Azul, como a cadeira! Azul, a cor da contagem regressiva dos dez segundos de felicidade extrema ouvindo música de macumba e azul era minha roupa quando o conheci, olha só!
Fecho os olhos e lembro do tempo frio que fazia, onde os casacos não eram suficientes mas o café era de graça; o céu cheio de estrelas e nós deitávamos na grama pra assistir os shows à noite, com toda a poesia e o tabaco que merecíamos. Nesse meio tempo perdi as estrelas e palavras e poemas e autores e livros que prometi e obras mais pinturas sem trajeto nenhum e sem pincéis encharcados que manchavam aquarelas das mais variadas que fazia e pessoas recitando sonhos em meus ouvidos que já não escutavam mais nada.
Eu preciso de um banho, amor. Eu preciso de um banho pra ver se saem todas as vírgulas de minha alma porque já estou farto delas. Não quero pontos finais reticências dois-pontos muito menos hifens. Não quero mais controle e de viver assim, só, quero o ar que me oxigena para sempre.
Continuo a escrever de meia em meia hora sem saber ao certo sobre o que se trata a discussão de meus dedos. Agora só vou tomar meu banho. Meu café e meu cigarro também não pode faltar.
Meus dois amores dormem no quarto ao lado. Às nove estou de volta.