28 fevereiro, 2012

sobre viagens, existir e Tadeu

Sinto saudades de Tadeu. Velho de guerra, companheiro, gente boa que um dia fez meu estômago borbulhar de não sei o quê. Até hoje tenho alguns enjôos quando o vejo. Achou uma mulher não tão bonita - mas que me parece boa, apesar das minhas pulgas na orelha - se apaixonou e se mandou pra vida a dois. Ainda o encontro por aí tomando suas cachaças diárias e reclamando da vida. E lembro da viagem que fizemos eu ele mais um outro companheiro - também perdido por aí nas carreiras. Vezenquando tenho uma vontade enorme de dar-lhe um abraço daqueles que eu sempre guardei e de dizer o quanto dele eu tenho em mim. Sou grande parte Tadeu e não me entristeço porque foi o que ele deixou cair aqui, ficou meu. Um dia, uma semana e muitos livros. Um abraço. Ah, como queria mostrar a esse velho o quanto me ensinou sem precisar pegar uma cadeira, sentar ao meu lado e fazer prestar atenção. Não... Foi só. Só existindo.

27 fevereiro, 2012

Entre poeira vírgula - ou não

Pelo santo, Carolina, para com isso. Eu não tenho paciência pra você. Você me vem com esses papos de que está tudo bem, me chama de 'amor', diz que eu sou lindo-o-homem-da-sua-vida-e-só-comigo-você-pode-ser-feliz. Não fode, Carolina! Quem você acha que eu sou? Eu não preciso de você. Chega. Não devo me prolongar, vou tomar um café senão perco minha cabeça com essa conversa. -
Um café há dois dias parado na jarra gelado amargo pra caralho que eu tomei sem açúcar pra ver se desce e acaba com o doce da minha vida porque é disso que eu gosto e assim eu tenho toda a atenção que eu quero.
- E essas porras dessas formigas aqui na mesa? O que você anda fazendo? Deixa de ser suja, mulher, vá se limpar.
Ela com aquele seu vestido branco sujo rasgado desfolhado e a pele seca que ela descascava como alho no sofá. Eu senti meu coração bater na nuca e aquele calor dentro da minha calça preta de brim não me deixava pensar. Suor escorrendo na testa mas eu não deixava de olhar para Carolina e era exatamente daquele jeito que eu gostava dela e pensava, imaginava. Imaginava todas as vezes que ela me deixava sujo como seu vestido e me rasgava e era só eu e ela ela e eu e só.
- Eu te odeio, Carolina.

16 fevereiro, 2012

Tô carregando meu patuá, meu velho. Tô respirando, mastigando, andando, sentindo na pele cada gotinha de chuva que o sinhô faz cair. Tô me respeitando como eu havia prometido. Tô voando, rei.

Sobre rasgos

E de repente me vi caminhando, contente, calado pelas ruas daquele lugar sujo que tanto amo, cheio de gente que não sabe mais de onde veio, cheio de esperanças caídas pelo chão, blocos de cimento passando entre blocos de rua porque já é carnaval para os amantes. No relógio já era cedo e eu estava bonito como da outra vez.
A figura me veio como bala 38 no peito, rasgando seco a raiva junto com todos os meus órgãos, como se tivessem me tirado tudo o que tinha naquele exato momento e então eu só queria ir para casa.

Mas eu não morri, não morri.

14 fevereiro, 2012

- Caralho, meu amigo, porque eu não consigo largar de mão de vez? Claro que não, óbvio que não... Porra, cara, Catarina era foda! Catarina É foda. Mas ela é foda nos dois sentidos, sabe? Isso que é pior. Talvez nos três sentidos. Catarina é foda, é foda e é foda... Catarina é maravilhosa. Catarina é uma sem-vergonha! E Catarina é meu sexo... Eu tô fodido, cara.