22 maio, 2011

um pouco mais de cérebro, em minúsculas

não entendo talvez nunca consiga. senti falta dos sem rumo e das cachaças da vida e descobri que isso aqui não combina nada comigo no momento e eu queria pintar tudo tudo tudo tudo de preto e cinza como antes mas não! já que tanto trabalho me deu desfiar todas as entranhas e aqueles fios pretos presos me lembrando de como eu queria ter sido o amor da vida delas e que elas chupassem o chão por minha causa mas não se pode fazer isso. Morrisey pra mim não é ninguém porque eu prefiro cantar à luz da lua como hoje e ver lantejoulas sorrindo pra mim ao desafinar naquele refrão e eu paro e abraço o ombro ali que não entende mais nada e ao mesmo tempo entende tudo de cada feixe de luz que sai dos meus olhos - nossa não me lembrava mais como era bom fazer isso e eu sempre penso que aquele escritor escroto deve estar se debulhando ao ver que todo mundo tenta fazer que nem ele mas isso é só um jeito de se livrar de tudo e não é nada disso. não é nada disso. não há controle de absolutamente porra nenhuma - olha como é bom escrever porra! eu quero murros murros murros na parede por te odiar o jeito escroto que você tem e eu me vingo com aquele veneno de rato sangrento que eu comprei na mercearia aqui embaixo depois de tantas frustrações estúpidas e asquerosas tentando colocar a porra da sua mente no lugar tirando a porra da minha da minha própria cabeça de merda. de merda.

Lua

- Eu tenho medo. Tenho medo de me afogar
- Mas você não sabe nadar?
- Sei
- Então como se afogaria?
- O que tem uma coisa a ver com a outra?
- Tudo
- Não tem nada a ver
- Não?
- Você não sabe o que é mergulhar
- Hahaha... Você só pode estar brincando
- Deixa, eu vou embora
- Mas... Calma! Por quê?
- Você não me entende
- Nossa, o que foi que fiz?
- Nada, você só não é do jeito que eu queria
- E tudo tem de ser exatamente do seu jeito?
- Sempre.
- Muito mandão, hein...
- Desculpa
- Vem ver as flores!
- Gosto mais desse azul aqui
- Vem!
- Já disse que não
- Você não era assim
- Sempre fui
- Não comigo
- É o contrário. Sempre fui, mas não com você
- E o que há agora?
- A lua mudou de lugar, só isso
- Promete?

17 maio, 2011

Volta

Oi!
Só pra avisar que tô voltando. Devo chegar uns dois dias depois que você receber esta carta. Espero ainda te encontrar aí. Quero que você veja como eu tô mais bonito, mais bem cuidado... Vai se orgulhar de mim!
Aprendi um monte de coisas aqui, tô louco pra te contar tudo. Tô morrendo de saudades das crianças, devem estar enormes! Manda um beijo na testa e diz que eu tô chegando.
Me espera!

Beijos,
André


Obs.: Acho que nunca vou perder a mania de fazer cartas para chegarem antes de mim.