27 maio, 2012

e de repente um adeus

André,
bom dia. ou tarde.
droga, não sei começar isso. olha, eu sei que ficamos muito íntimos de primeira, desde aquele dia histórico. doze do doze de dois mil e dez. só faltava ser doze. anoitecia e eu não dormia. e aí você apareceu. prazer, André. eu te sorri como não faço com ninguém. seu nome é tão feio, mas você é tão bonito... depois que eu me toquei a merda que tinha falado. você é ridícula e demos um abraço, rindo de nós mesmos. não havia lugar para silêncio. somos diferentes pra caralho mas temos tudo a ver foi o que dissemos, lembra? de repente no dia seguinte você já tava aqui em casa e todos os dias e sempre e desde então você nunca mais me deixou. você podia ser meu amigo pra sempre, né como criança boba. a gente sempre conviveu muito bem junto, você com seu jeito hard que eu sempre reclamei, e eu aqui na minha vida confusa e incoerente que você nunca entende. eu queria poder mostrar o quanto você supriu meu vazio. e por muito tempo, mas eu nunca tive coragem de dizer isso face to face, como você sempre fala. 
sabe, cara, talvez isso não tenha sido muito bom. André, eu acho que virei você. eu não tô maluca.

talvez eu tenha lido demais aquela peça que você me pediu ajuda, aquela que você e as meninas estão montando. que aliás, é ótima! eu queria estar aqui pra te ver em cena. tenho certeza de que vai dar tudo certo, vê se bota fé.
você já deve estar se perguntando onde eu estou. eu não fui dar aquela volta de sempre no quarteirão nem estou trancada no quarto. olha, André, me perdoa...
eu fui embora. não é por mal, eu juro, confia em mim? é tudo o que preciso. eu não vou estar mais aqui pra ver, então vou acreditar que você entendeu a frase ali de cima porque eu não vou me explicar mais. eu sei que não dá mais pra continuar aqui.

eu tô deixando a casa pra você e a grana de três meses de aluguel dentro daquela gaveta da cozinha, a que é difícil de abrir. eu queria te pedir pra tratar dos bichos e da samambaia. cuida do que é nosso por mim. vê se não esquece dos seus remédios e diminui esses cigarros, não quero ter de enterrar você. repetindo-de-novo-mais-uma-vez, por favor, não se drogue, eu já te pedi isso um milhão de vezes, quem sabe nessa você escuta. mais avisos: pelo amor de deus, André, tome conta de você e tenha MUITO cuidado com essas pessoas que você arranja nessa vida, principalmente Carolina. depois abre teu olho com a Dora e o Igor. quanto a Catarina, larga dela, cara! deixa a garota viver. ah, e vê se joga fora aquelas fotos do Tadeu, eu não joguei porque sou muito legal contigo. bom, se liga, cara. eu tô confiando em você. eu queria estar em casa quando você acordasse - se é que você dormiu essa noite. mas você nunca me deixaria ir e eu perderia a coragem. eu preciso ir agora senão eu perco meu ônibus, não posso prolongar essa conversa.

não tente saber pra onde eu vou, deixa que eu escrevo daqui um tempo.

com amor,
Luíza

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