08 novembro, 2015

telefonema

eu não fico em paz. leio, mas não te compreendo. André também não gosta: se amo ele não goza não despontua não agoniza não madruga. ele nunca foi homem de abrir os olhos com vontade de acordar. ele sequer foi homem! ele ainda é um menino que não sabe chorar. ele não sabe de tanto... mas vai aprender.
você? acho que você não toma jeito não. tô sentada, esperando o seu milagre. vai que deus existe? ninguém sabe

07 novembro, 2015

não só

essa noite ou dia eu não sei a ordem dos travesseiros mas sonho acordado com seus outros tantos que nem sei se são ou santos
a corda na goela eu mesmo amarro pra não engolir nem vomitar
eu minto e me invento
nem deus sabe se minhas cenas são tangíveis e eu deitado no colchão duro de inverdades soltas amargas claras
verdades envenenadas
amadas

era uma vez um menino que nunca foi menino

05 novembro, 2015

(d)o nada

você sabe, eu não sei mais aparecer. eu sumi. abriu a janela, era uma vez. você deixou ele ir. deixou não, você jogou lá do alto do septuagésimo quarto andar sem dó sem piedade sem pensar em nada sem razão sem consideração e eu tenho vontade de te matar te bater te socar cada vez que você vem até mim com essas gracinhas essas ironias essas formalidades bestas essas provocações essa estupidez de nariz em pé e cara de quem não me conhece e que não se importa e não quer nada e não fala nada afinal eu não sou nada quem sou eu mesmo?

nada foi o que tinha de ser. nada é tudo que sei de você. e também o que eu já posso ser. e o que você pode não fazer. ou onde isso vai dar. pode não ser nada disso. mas eu não posso fazer nada.