26 agosto, 2010
- Pára com isso, porra, fica quieto que tu não tem nada a ver com isso, aliás, tu não devia nem estar aqui. Tá pensando o quê? Que pode alguma coisa? Tá achando que pode chegar e fazer o que tu quiser assim, sem mais nem menos? Não pode não, rapá, e tu devia se envergonhar, sabe por quê? Porque isso é pura sacanagem que tu faz. É, é sacanagem e falta de vergonha nessa tua fuça. Falta de dignidade, de humildade. E tu nem faz ideia de como tu machuca os outros com esse teu bagulho, toca o 'foda-se' e pronto, né... Acha que tá bonito, que tá bacana? Não tá não, cara, não tá não. Tu devia pelo menos abaixar essa tua cabeça e olhar pro cara que tá lá na merda por tua causa. Mas contigo é no 'foda-se', né, se o teu tá seguro tu nem se preocupa e cai fora. Mas se prepara, rapá, porque um dia tu vai ter o teu troco. Isso não vai ficar assim não, a vida vai te dar um balanço daqueles, tu vai ver. Esse tipo de coisa não fica no barato não.
24 agosto, 2010
Inachável procurado (e neologismo)
- Não sei cadê - murmurava.
Andava de um lado para o outro, investigava cada canto do quarto. Debaixo da cômoda, da cama, entre os livros caídos na estante... E só havia poeira, cada vez mais poeira. Narinas entupidas, cansado, morrendo de vontade de deitar na cama e só acordar na noite seguinte, mas não podia se dar por vencido. Então respirou fundo e tirou cada gaveta do criado-mudo e debaixo do colchão e atrás das cortinas e revirou os móveis e o lençol da cama e até a fronha do travesseiro e não aguentava mais aquilo tudo e precisava desacelerar e se jogou na cama. Ufa.
- Deus, onde está?
Seu corpo dolorido, as orelhas zumbindo. Não pode nem perceber a chegada do seu companheiro.
- Posso ajudar?
- Ah, seria ótimo!
- Nessa bagunça toda acho difícil encontrar alguma coisa.
- Pois é... Tanto que não encontrei até agora.
- E o que é que você tanto procura?
- Eu... Eu não sei.
21 agosto, 2010
Despercebido (e pulinhos)
Passou tão rápido...
Nem percebi.
"Tristeza nunca mais..."
Nunca mais?
Minha melancolia puramente artificial
arteficial
inventada.
"Eu sei, não é assim..."
Não só uma,
Todas elas passando muito muito muito muito rápido e nem duas palavras eu escrevi.
Faltam só cinco de trinta
Os outros vinte e cinco passaram como
Beija-flores, que nem sequer me beijaram.
Mas eu já preenchi metade inteira da folha
E nem percebi
Pulando linhas sem nexo algum.
Até que é divertido
Pareço pular
De uma janelinha
para outra.
A música acaba mais uma vez
"Mais uma canção".
17 agosto, 2010
3algumacoisa
Eu nem sequer olhava o mar, percebi.
Cabeça noutro lugar.
Arco-íris!
Concentra!
Aí você cruza os dedos.
12 agosto, 2010
nada
E era misto
De loucura
Um alucinógeno
Intergaláctico
Uau
Viagem
Era amor
Era gozo
Era vida
mas não era nada
Era só
Só
balancê
Vai pra lá e pra cá. Minha cabeça não fica no lugar.
Curvas sinuosas, teimosas.
Já estou ficando um bocado cansado de todo esse ziriguidum.
- Vê se para de tremer, trem doido!
À minha vida tão insana.
11 agosto, 2010
Sonho
Já era tarde.
Abria meu armário para procurar um pijama quando percebi um pequeno feixe de luz no cantinho. Estranho... Tive certo receio de ver o que era, mas não pude resistir. Minha curiosidade era tanta que acabei entrando e tropecei na fechadura da segunda porta, caindo na gaveta. Limpei a poeira de meus braços, analisei o local. Notei o brilho vindo do pequeno tão grande relicário, já esquecido lá no fundo. Cheguei perto, concentrei minhas forças e abri a tampa.
Então me deparei com um enorme corredor azul e não tive mais medo de seguir em frente. Uma nuvem de poemas cercou minha cabeça. Encantei-me. Pisava cuidadosamente em fotos, cartas e chutei alguns bilhetes sem querer. Alguns papéis de bala também grudaram no meu pé, mas nada de mais. Continuei.
Uma canção tocava tão bonita que me arrancou uma lágrima. Senti saudades quando percebi que não era mais naquele mundo que eu vivia. Já não era mais a pessoa que havia assinado aquelas cartas que não foram entregues, nem tampouco a pequena e graciosa menina de quem aqueles corações inocentes tanto falavam. Aperto no peito, agora muitas lágrimas salgadas.
Olhava fixamente para aquele céu repleto de pedaços de mim. Respiro fundo - Ai, vontade de... ah... ah... ATCHIM! - Espirro forte que me fez saltar, caindo num buraco e aahhhhhhhhhhh...
Sacudo a cabeça. Acho que sonhei. Ufa, tenho medo de altura.
3h46 da manhã. Acabo de voltar à sala. Ligo meu computador e escrevo esse texto bobo. Só pra não me esquecer de lembrar mais. Boa noite.
09 agosto, 2010
Poesia minha
Hoje a poesia abriu seus braços e me colocou no colo, me acolheu e deu de comer.
Hoje a poesia enrolou seus dedos em meus cabelos, me cobriu de beijos, satisfez meus desejos.
Com toda calma, trouxe de volta minha alma lá de longe, de onde eu não podia avistar.
Ela me fez sonhar de novo.
A poesia abriu meus olhos e passou as mãos levemente em meu rosto. Dessa vez eu só queria pedir que ela não fosse mais embora.
Eu finalmente conheci a poesia. A poesia que é amor, que é tesão, que é raiva e lágrima.
A poesia abriu meus olhos para que eu pudesse abrir meu coração.
Ela é poesia.
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