04 setembro, 2010
Sábado (des)conexo
Sujo sujo sujo vadio arredio vagabundo parado só só e cada vez mais e mais e mais sem nada com aquela vontade filha da puta de passar a noite num pé sujo qualquer ouvindo um samba qualquer olhando uma mulher qualquer ou quem sabe um desses caras quaisquer toscos pés de valsa que te conquistam com um piscar de olhos e você finge que não quer nada só pra inflar seu ego ou então se der sorte arruma alguém que te leve pra passar uma noite maravilhosa num quartinho bacana com ar-condicionado e você acorda com seu coração condicionado e apertando de orgulho dessa carinha bonita ou então você só vai continuar ali sentado na mesa sozinho a fumar uns quinhentos mil cigarros e voltará pra casa na tarde seguinte tosse tosse tosse tosse parecendo que o pulmão vai saltar arranhando a garganta e pedirá um café quente e um pão com manteiga na ilusão de tentar aliviar a dor das incontáveis garrafas de cerveja que você matou e do pó e de tudo o que você não lembra ter tomado na noite inteira que foderam todo o seu organismo mas pelo menos você tá vivo rapaz e vai poder deitar no colchonete rasgado daquele quarto sujo sujo sujo e sem nada só um monte de papéis amassados e canetas e bitucas e cacos de vidro e vida e amor e lágrimas e aquela dor que você tanto inventa e mais um monte de coisas espalhadas que você nem lembra que existem mas você vai dormir em paz.
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5 comentários:
Ufa, respire.
Enfim, a paz.
Me lembrou Caio Fernando
Acho que estava pensando nele...
deixando o meu farelo: eu conheço bem essas migalhas... rs
este texto é lindo. adoro o ritmo sufocante.
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